Tudo começou quando finalmente me vi terminar o ensino
médio. E agora José? O que seria da minha vida dali para frente? O ensino médio
é a época de mais incertezas e inseguranças eu acredito. Você se faz milhões de
perguntas, em um pequeno espaço de tempo, e que nem sempre é o suficiente para
te trazer respostas. O que fazer? O que cursar? Qual minha vocação? Onde fazer?
O que deixar para trás? Enfim, muitas perguntas. A única resposta que tinha na
minha cabeça era: psicologia. Um amor por essa profissão que nem eu mesma
conseguia entender, eu simplesmente a conheci e me apaixonei. Decidi que seria
isso que faria da minha vida. Seria uma mediadora das dores da alma. O fim veio
antes de alguma resposta de vestibular. Então, passei por aquele tempo
traumático de: “não sou nada! Não estou mais na escola, não trabalho, e não
estou na faculdade!” Okay... Por mais que eu estivesse gostando da folga- “Ah!
Jesus! É tão bom esse ócio!”- a ansiedade de não saber o que seria dali pra
frente era angustiante. O resultado do
vestibular finalmente sai: aprovada em psicologia. Agora era só festejar,
planejar, estudar e ser feliz, certo?
Não! Não é bem por ai!
Na cidade onde eu morava, não havia o curso dos sonhos.
Portanto, eu havia passado em dois vestibulares, em outros lugares, não tão
pertos assim de casa. Minha mãe olhava para mim, via a “filhinha” de apenas 16
anos, muitos sonhos, querendo sair de casa, morar sozinha e estudar fora. E o
que ele achava disso? Não a agradava nada.
Insistência é uma palavra fundamental quando se almeja algo.
Insisti. Insisti. Insisti. Ouvi alguns nãos, alguns talvez, alguns “Me deixa
pensar” e até mesmo alguns “ Me deixa em paz”. Cheguei muito perto de desistir,
abrir mão daquele sonho, e acreditar que não daria certo. Nem preciso falar que
perdi alguns quilos e ganhei algumas olheiras com isso né?
Eis que, alguma luz – que provavelmente veio do céu- ilumina
a cabeça da minha mãe, e dá a credibilidade dela acreditar que já havia me
“criado”para enfrentar o mundão lá fora. E foi assim que vim
parar na capital do Maranhão. São Luís! Cidade história, berço de uma cultura
única, do bumba boi, das praias. E que por mais que tivesse- e tem ainda-
muitos defeitos, eu conseguia enxerga-la através da música de Carlinhos Veloz:
“Que
ilha bela que linda tela conheci
Todo molejo todo chamego coisa de negro que mora ali
Se é salsa ou rumba balança a bunda meu boi
Deus te conserve regado a reggae Oi oi oi oi
Que a gente segue regado a reggae Oi oi oi oi.”
Todo molejo todo chamego coisa de negro que mora ali
Se é salsa ou rumba balança a bunda meu boi
Deus te conserve regado a reggae Oi oi oi oi
Que a gente segue regado a reggae Oi oi oi oi.”
Vim
pra cá com uma bagagem enorme, mas de sonhos e esperanças. Planejei meu futuro
por horas e horas dentro do ônibus, dentro do novo quarto, sonhei até mesmo o
que parecia inimaginável. Vi uma realidade nova bater a minha porta.
E
foi aqui, onde comecei sozinha, que encontrei pessoas especiais que fizeram a
tarefa de morar longe de casa, parecer tão mais fácil. Principalmente essa minha
companheira de casa, de classe, de emprego, enfim, de jornada: Hany. Um
pouco minha mãe aqui, mas sobretudo amiga.
Enfim, é aqui onde nossas histórias se cruzaram, talvez para nunca mais
se desalinharem.
Assim
esperamos pelo menos.